quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

OFICINA PROVOCATIVA: desenvolvimento sustentável para um mercado negro

oficina provocativa titulo

por Ojuobá Richard Gomes

coordenador do projeto Ajeun Ilera/Assobecaty, diretor da Abesjoba/Alagoas, colaborador e coordenador da comissão de povos e comunidades tradicionais do Consea RS, conselheiro da saúde do município de Gravataí, multiplicador do projeto A cor da Cultura/Alagoas, produtor cultural da Oficina Madeira Rendada/Atelier Richard Nzahttp://www.facebook.com/atelier.richardnzazi?ref=tn_tnmnzi, poeta nos intervalos...

 

Ago, descendentes de África,

Estou realizando uma oficina durante o Fórum Social Mundial Temático, que acontece em Porto Alegre, de 25 a 31 de janeiro deste ano de 2013.

A oficina traz ao debate pontos de interrogação que perturbam meu olhar aos acontecimentos cotidianos; e como bom aprendiz africanista, é a vivência que constrói meu conhecimento.

Diante disso, e da oportunidade que me foi criada pela Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop, propus esta atividade interativa.

A oficina não pretende conceituar as causas da fome, da miséria, da situação da população ”em situação de vulnerabilidade” como está descrito em qualquer argumento que intencionam captar recursos advindos das ações executivas das políticas públicas; também não é um espaço para elogiar o governo federal ou qualquer governo, nem espaço para criticar suas inoperâncias. LOGO ABESJOBA base preta

No entanto, destacar, falar, pensar, elaborar sobre o que se quer quando falamos em etnodesenvolvimento, política para população negra, humanização da favela, universalizar a cultura afro, entre outras expressões, cujos resultados mais nobres levam a um mercado de exploração capitalista e a sua sustentação, não rompe com o processo histórico de subsocialização da cultura afrobrasileira.

Um discurso ideológico que conjuga em seu conteúdo, elementos que contradizem o padrão cultural estabelecido de pessoa, de beleza, de alimentação, da própria cultura, da criatividade, da pintura, de raiz, em fim, do ser, do fazer e do saber.

Sentimos seus efeitos capitalistadores de mentes nos afazeres do dia a dia como manifesta Mestre Renato Beaba em seu poema, comentado por mim na rede social:

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O afrodesenvolvimento como diretriz estratégica à conquista do nosso bem estar é, antes de tudo, entender que os povos tenham o controle dos seus recursos naturais, de suas organizações sociais, portanto para que essa pretensão aconteça, seu objetivo maior será a satisfação de necessidades básicas do maior número de pessoas, priorizar a visão e opinião das comunidades na busca de resoluções de problemas locais territoriais e recursos locais, relação equilibrada com o meio ambiente, promover uma ação integrada de base, valorizando atividades participativas e evitando a centralização das decisões, o que propõem uma outra compreensão de sistema, do qual as práticas ‘ideológicas” não estão dando conta no cotidiano. Aonde os valores civilizatórios que nossos ancestrais legaram, estão se moldando para “valores de captação de recursos”, a capoeira é a da academia, sem tradição; a religiosidade é comercial, até virtual; a fala tá virando livro e cdzinho pra velho ganhar àqüé; o comunitarismo só se manifesta em momento de adjó político... e a vivência é um show a parte, organizado por produtores contratados sem africanismo nem na unha.

“A oficina” é um ensaio de atividades objetivadas, compreendendo a organização de um empreendimento coletivo que tem como elemento pedagógico promotor da sequencia dialética prática-teoria-prática, onde o fazer exigirá permanentemente o saber, portanto a entrega teórica. É um processo de autocapacitação objetivada pela divisão técnica do trabalho, determinando a autogestão, a cooperatividade e a ação-saber, como gestores da intervenção local territorial.

Todos os convidados que receberem este convite, e por ventura aceitarem sua missão, estarão comprometidos em assumir sua tarefa no decorrer da oficina, que é de provocar o debate e promover a dúvida, pois nosso papel é de elaborar e para isso temos que questionar: por que? Para quê? O quê? Onde? Para onde? Por quem? Entre outras questões que venham a perturbar nossas mentes.

As políticas públicas supostamente “afirmativas”, somente promovem uma necessária ruptura com o modelo de desenvolvimento econômico concentrador e excludente, se houver ação afirmativa. Isto chama a sociedade para um debate acerca da “qualidade e quantidade” disponíveis do acesso a essas políticas ou ações de governos.

A inclusão produtiva é a mola mestra neste processo onde falamos em desenvolvimento socioeconômico. Entendemos que as políticas públicas são um fomento à estabilidade dos cidadãos que vivem nas comunidades e territórios, principalmente àqueles que estão em situação de fragilidade social. Quando dissertamos acerca de segurança/insegurança social, normalmente abordamos a quantidade e não a qualidade na ação da política e essa se torna paliativo assistencialista, na sua generalidade ativa, mesmo quando a política pública promove programas para intervenções no processo produtivo e de inclusão, nota-se a ausência de uma ação metodológica que acompanhe efetivamente o plano sistemático determinado. Nosso objeto de intervenção é pretenciosa no momento em que desafia os setores públicos e privados, neste especificamente os ditos dirigentes sociais, à ruptura com corporativismos funcionais e profissionais e venham investir esforço nessa ação, da inclusão produtiva transversal, intersetorial e sustentável. O mecanismo estratégico de desenvolvimento é, e a experiência comprova que a intersetorialidade, a diversidade e a equalização sustentável são o eixo que promove, qualifica e aperfeiçoa a ação pública.

A oficina realiza-se com o exercício prático-interativo, tendo como atividade objetivada a manipulação de fazeres, proporcionados pelos convidados e o facilitador; nesse processo da atividades produtiva ocorre o despertar da capacidade organizativa, tendo a entrega teórica temática como a identidade étnica e os valores civilizatórios afro-brasileiros e sua influência no cotidiano e como potencializar nossa criatividade afirmando nossas origens, memória e pertencimento. No fazer conversamos sobre a produção de motivos referentes às pessoas, convívio, cultura; falamos sobre etnia-raça, diversidade cultural gênero, sexualidade, temas que elevem o nível de conhecimento, consciência e interação social.

A proposta em si é realizar um ensaio de ação continuada para o desenvolvimento de um “mercado negro” não estereotipado e consolidante de resultados socioeconômicos aos coletivos que se desprenderem de suas correntes ideológicas conservantes.

Portanto, se você bate-tambor, penteia cabelo afro, pinta, molda, cozinha, reza, canta, brinca, ensina, administra, pratica...

Venha e interaja, somos negros em processo de enegrecimento

cronograma

APOIO:

ASSOBECATY/RS – ABESJOBA/AL – PROJETO AJEUN ILERA

FRENTE NACIONAL DE MULHERES NO HIP HOP REGIONAL SUL

FLOR DO GUETO PRODUTORA

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